A vida secreta dos pombos


 

Um velhinho joga um punhado de milho no chão, atraindo dezenas de pombos para a calçada. Ele vai embora todo feliz, mas as outras pessoas não gostam muito, porque têm de abrir caminho, espantando os bichos, para poder passar. Você já deve ter presenciado uma cena como essa, e não deu muita bola para ela. Mas os pombos, sim. Enquanto corriam de um lado ao outro para pegar o milho e escapar dos pontapés, eles estavam prestando bastante atenção a todas as pessoas envolvidas – e memorizando o rosto de cada uma.

Essa foi a conclusão de cientistas da Universidade Paris Nanterre, que em 2011 fizeram uma série de experiências. Todo dia, dois voluntários bem parecidos (mesma faixa etária, altura, peso e cor da pele) iam até um parque e interagiam com os pombos. Um deles dava milho para as aves. O outro tentava espantá-las. Depois de uma semana, os pombos se tornaram capazes de reconhecer e diferenciar a pessoa boazinha da malvada.

Os cientistas tentaram confundir as aves, vestindo o voluntário malvado com um sobretudo branco – a cor que, até então, era usada pelo bonzinho. Nada mudou. Então o sujeito malvado assumiu uma postura amistosa, passando a alimentar os pombos. Mas os bichos não caíram nessa, pois se lembraram de que ele havia sido hostil. “Ficou provado que os pombos conseguem diferenciar e memorizar rostos humanos”, afirma o cientista Ahmed Belguermi, líder do estudo.

Também pudera. Eles são nossos principais companheiros nas grandes cidades, gostemos ou não disso. Estima-se que existam 260 milhões de pombos urbanos, ou seja, o mundo tem mais pombos do que brasileiros (e cada pombo vive em média 6 anos, tempo suficiente para bombardear as cidades com 60 kg de cocô). Praticamente tudo o que essas aves comem vem, direta ou indiretamente, de mãos humanas – e por isso o cérebro delas se desenvolveu para nos entender e conviver conosco. “Os pombos aprendem, por tentativa e erro, que um determinado bairro tem mais comida que outro, ou que seres humanos pequenos – crianças – devem ser evitados, pois podem persegui-los e tentar agarrá-los”, afirma Mike Colombo, psicólogo da Universidade de Otago (Nova Zelândia) e autor de vários estudos sobre a inteligência dos pombos.

Os bichos pertencem à família Columbidae, que inclui 42 gêneros e 310 espécies. A mais comum é a Columba livia, espécie selvagem conhecida como pombo-das-rochas. Essa ave foi domesticada 5 mil anos atrás por civilizações mesopotâmicas, e deu origem aos pombos urbanos atuais (Columba livia domestica). No começo, os pombos só serviam de comida. Mas, com o tempo, gregos e egípcios perceberam que eles tinham uma capacidade de orientação excepcional e podiam ser usados como correio, levando mensagens a até 100 km. Isso é possível porque o pombo tem um desejo nato de voltar para seu ninho.

Se você morasse na cidade X e quisesse se comunicar com os vizinhos da cidade Y, bastava presenteá-los com pombos. Isso porque, no momento em que fossem soltos, os bichinhos inevitavelmente voltariam até você – trazendo pedaços de papel com mensagens enviadas pela outra cidade. A humanidade usou os pombos-correio por milênios, mas só recentemente a ciência descobriu como eles se orientam. “Eles se guiam pelas posições do Sol ao longo do dia. Mas também têm outra referência, o campo magnético da Terra”, explica a zoóloga Dora Biro, da Universidade Oxford. O bico e os ouvidos do pombo contêm partículas ferrimagnéticas, ou seja, que reagem ao campo magnético do planeta. É uma espécie de bússola biológica.

Os pombos geralmente voam em grupo, e trocam informações entre si sobre as melhores rotas. Isso foi comprovado por uma experiência realizada com pombos criados na Universidade de Oxford. Os cientistas levaram um deles até um lugar a 8,5 km da universidade, onde o bicho foi solto. Os cientistas repetiram o processo 12 vezes, até que aquele pombo aprendesse, por tentativa e erro, o caminho mais curto para voltar (o bicho era monitorado por GPS). Depois, fizeram o teste com um segundo pombo, que foi colocado para voar junto com o primeiro. Em vez de sair batendo asas a esmo por aí, ele aprendeu com o pombo veterano, e logo de cara já fez uma rota boa.

A experiência foi repetida com cinco gerações de pombos, e cada uma voou melhor que a anterior. “Cada geração realiza melhorias, se baseando no conhecimento acumulado até aquele ponto”, explica Biro. Ou seja: os pombos têm sua cultura, que acumulam e transmitem para seus sucessores. Como nós, humanos.

https://super.abril.com.br/ciencia/a-vida-secreta-dos-pombos/

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 Dirigido por  Ademir Hirt com shows de banda ao no facebook e no aplicativo contato  5545 9147-4235 O município de Três Barras do Paraná foi fundado em 1980 e é um município brasileiro do estado do Paraná. Sua população estimada em 2004 era de 11.882 habitantes. Representa 0,12% da população do estado, sendo 4.931 habitantes na zona urbana (41,71%) e 6.891 habitantes na zona rural (58,29%). História A história das civilizações ensina que povoados sempre começaram a se formar em torno de rios, já que em torno deles os solos costumam ser mais férteis. Três Barras do Paraná não poderia ser diferente: na baixada onde as três sangas se encontravam, ergueram-se as primeiras casas, na época construídas com madeira lascada. No inicio a localidade chamava-se Encruzo e com a chegada de mais moradores passou a se denominar Três Barras. A colonização se iniciou ainda na década de 40, quando os primeiros imigrantes, oriundos principalmente do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, atraídos pelos solo